07 setembro 2006

Gigões & Anantes

"Gigões são anantes muito grandes.
Anantes são gigões muito pequenos.
Os gigões são diferentes dos anantes
porque uns são um bocado mais
outros são um bocado menos.
Era uma vez um gigão tão grande,
tão grande,
que nem se sabia em que é que ele não cabia!
Mas havia um anante ainda maior
que o gigão e esse então
nem se sabia se ele cabia ou não.
Só havia uma maneira de os distinguir:
era chegar ao pé deles e perguntar.
- Mas eram tão grandes que não se podia lá chegar.
- E nunca se sabia se estavam a mentir.
Então a Ana como não podia resolver o problema
arranjou uma teoria:
xixanava com eles
e o que ficava xubiante ou ximbimpante era o gigão
e o anante o que fingia que não.
A teoria nunca falhava
porque era toda com palavras que só a Ana sabia.
E como eram palavras de toda a confiança
só queriam dizer o que a Ana queria."
(Manuel António Pina, «Gigões & Anantes»)
Poesia dedicada a mim por uma grande amiga de além-mar.
A ilustração é outra daquelas relíquias que carrego sempre. Um pôster que comprei para decorar o quarto do meu primeiro filho, há 18 anos atrás.

Nenhum comentário: