12 junho 2007

fúria de cachoeira



Vejo-me cachoeira

desaguando um sem-fim

das alturas, lá na mata.

Respingos e nuvens

por todo o verde

e todas as pedras

me sorriem.

E até o limo

que alimento flor

que flor poderia ser

se limo não o fosse

assim, escorregadio,

perfumaria o ar.


Vejo-me fúria,

fúria de cachoeira,

inconforme e disforme,

tecida transparência

que queda livre.


Deságuo, choro um rio,

em doses cadentes

desmedidas, carentes.

Livre, na queda,

presa ao curso do rio.

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