25 agosto 2007

lavatory

Sentada entre dois completos estranhos, eu olhava insistententemente para aquele letreiro luminoso, logo acima, no estreito corredor.

"Lavatory" estava ali escrito, indicando que logo à frente havia aquele micro-banheiro, logo na entrada da aeronave. E eu estava cansada e apertada, queria fazer uma visitinha àquele cubículo, mas alguma coisa me prendia, me paralisava e não deixava ue eu levantasse da poltrona. E aquela cossissária japonesa de cabelos louros me indicava - ou me fazia intuir - de que alguma coisa estava fora do prumo. Comissária baixinha, japonesa e loura? Me poupe. Tem sapo nessa moita.

E eu ali, olhando o movimento. E o movimento em direção à casinha era grande. Uns quantos foram e voltaram, todos do gênero que não precisa sentar para aquilo. Comecei a imaginar a lambança, pois mesmo em aviões, e mesmo sem o avião balançar isso acontece: eles não conseguem acertar o alvo, não tem jeito.
Mas, mais do que isso, e mais do que o aperto em que eu estava, outra coisa me incomodava, que era o fato de ter que encarar todo aquele povo, na volta. Na ida, tudo bem, estariam todos de costas, e o que o olho não vê o coração não sente. Mas na volta, não. Todos, na maioria homens, estariam olhando e pensando "essa aí foi fazer xixi...coitada!" ou simplesmente "coitada!"...ou nem estariam pensando nada, só com o olhos curiosos me encarando quando retornasse da casinha.
Pensei em ir ao outro "lavatory", que ficava lá atrás. Mas logo me dei conta de que ficariam me encarando logo já na ida, o que poderia fazer com que eu ficasse, além de apertada, bloqueada. Aquilo me encheu de pavor sanitário. Desisti.
E eles continuavam indo e vindo. E a comissária japonesa loura sorrindo. E eu, desistindo.



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