08 agosto 2007

a língua aponta

Estava na ponta da língua,
mas só por estar na ponta, caiu.
Não consege-se achar.
E nem sabe-se o que era.
Só se sabe que caiu.
Estava na ponta da língua
esse tal precipício
que insiste nas bocas
mesmo cheias de cálcio e esmaltes
vaporiza o verbo desconectado
súbitamente.
Cai o cérebro, como cai a energia
num dia de tempestade radioativa.
E idéia, antes luminosa,
cai no espaço vazio
no esquecimento, na dobra do espaço,
em que nada acontece de fato.
Aliás, fato é o que não há por lá.
Lá, há só arte-fatos
desligados de suas nascentes
desconectados dos vértices
enredados nas linhas
da grande teia do inesperado.
casos e casos e casos
na ânsia de existir de novo
naquela ponta de língua.
Todos casos perdidos.

Nenhum comentário: