18 agosto 2008

babel de papel(aria)

- Moço, por favor, eu quero um apontador de lápis.
- ?
(juro que vi um ponto de interrogação na testa do balconista)
- Um apontador de lápis, para apontar o lápis.
- Ah, a senhora quer dizer uma "lapiseira".
- Não, eu quero dizer um apontador.
- Mas aqui chamamos isso de "lapiseira".
- Mas lapiseira, para mim, é uma...lapiseira. Serve para escrever e desenhar...
- Mas aqui nós chamamos isso de "grafite".
- Mas grafite é o que vai dentro da lapiseira!
(e o balconista dá aquele sorrisinho...)
- Deixa ver se eu entendi direito a coisa: para eu ser entendida aqui eu preciso chamar o apontador de lapiseira e a lapiseira de grafite, certo?
- Certo.
- E o grafite que vai dentro, que eu chamo de "mina", como devo chamar?
- Aqui a gente chamamos(sic) de "ponta".
- Ai.
(suspiro duplo)
- Bom, eu quero, então, uma lapiseira cor-de-rosa.
- Pois não, aqui está. Mais alguma coisa?
- Não, obrigada. Por hoje basta.

Entender os outros é fácil. Difícil mesmo é aceitar que as coisas podem ser diferentes - e corretas - em outras cabeças, que não as nossas próprias.

Um comentário:

Bel Fonseca disse...

ahahaha, essa foi boa. Eu já tinha escutado essa história de uma amigo do sul, mas não tinha acreditado. Adorei o texto. Abraços, Isabel (www.beleleo.com.br)