31 agosto 2006

Inquietações sobre o "Efeito Borboleta"


Um professor de Física me chamou, nos meus 17 anos, em plena aula, de "inteligente preguiçosa". Falou isso pois achava que eu poderia ter ido além daquela resposta que dera em um trabalho de experimentação. Falou-me isso porque achava que eu podia MAIS. Eu havia acertado a resposta, mas ele queria mais de mim. E, no seu julgar, achava ele que eu podia ter ido mais além.
Meu professor de física foi um exemplo para mim. Uma pessoa que me chamou a atenção para um fato ao qual levei anos para entender. Disse-me aquilo com uma intenção: a de me fazer pensar que poderia ir além, que eu tinha condições de sair daquele patamar mediano em que me encontrava. Só que o que me chocou foi a FORMA com a qual ele se dirigiu a mim: "inteligente preguiçosa".
Sensível que sou, fiquei feliz com o "inteligente", mas, ao mesmo tempo, senti-me totalmente incapaz, devido ao "preguiçosa".
E se ele não tivesse me dito aquilo? E se ele tivesse se limitado a me aprovar, sem nenhuma ressalva ou restrição? E se ele tivesse dito "parabéns, você acertou, e tem condições de me dar uma resposta ainda mais interessante"?
Aquilo foi como se ele me presenteasse uma medalha ao mérito pela metade. A outra metade ficara para o meu desejo, para a minha imaginação querer ir buscá-la, onde ela estivesse. Ele queria que eu me movesse nessa direção...só que as PALAVRAS que ele usou para se fazer entender eram palavras pesadas demais para mim.
Por isso é preciso muito cuidado no uso das palavras. Você tem a liberdade de dizer o que pensa, fazer seus julgamentos...mas nunca saberá o efeito que suas palavras podem provocar em pessoas mais sensíveis ou mais frágeis do que você.
(Da série Mitologias, sem título, acrílica s/t, 1997.

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