09 setembro 2006

Patchwork & Construção

Inspiro-me em muitas pessoas, por aqui e por ali, e, de cada uma delas, obtenho uma espécie de "amostra", ou um "retalho", que pacientemente - ou mesmo inconscientemente - "costuro" em mim.

Serei eu falsa em dizer que sou um resultado desta minha "costura"?
É claro, não totalmente...
A boneca de pano aqui é uma boneca complexa, recheada de sobras de outras que a precederam ou que a acompanham.

Mas a boneca, no seu caminho, encontra um mundo de atitudes e pensamentos...e deles sempre há o que aproveitar, um fragmento esquecido, um pequeno pedaço compartilhado, um recorte desimportante - para quem dele se desfaz -, para juntar-se aos outros, formando, assim, essa espécie de "roupa" que ela veste, orgulhosamente.

Quando pequena, minha mãe (de quem herdei o recheio do sarcasmo e ironia) me chamava de "mulher do saco", uma alusão à uma senhora catadora de lixo, que passava sempre à nossa porta. E, realmente era eu desse jeito, como sou até hoje: eu cato, aqui e ali, pedaços de coisas, de panos, botões, ou qualquer coisa que pode ajudar a construir algo, que ainda nem sei o que é.

Em cada pedaço que "coleto", vejo um mundo de possibilidades, vejo um bordado, uma colcha colorida, uma bijouteria ou cortina...que um dia, poderá me dar conforto aos olhos ou abrigo ao frio das coisas padronizadas.
É claro, há os retalhos que quase se rasgam, de tão desgastados que são, ou até quase podres. Há cacos, estilhaços, restos de implosões, coisas impossíveis de "costurar"...

Mas, no conjunto, tudo se harmoniza, os velhos, os novos, os de cores berrantes, os mais discretos e até aqueles bem "defeituosos" ou cheios de marcas...parece que foram feitos para estarem ali, unidos um ao outro, formando um belo todo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Como dizia não sei quem (algum azteca?), no universo nada se perde, tudo se transforma!
Temos é que saber aproveitar tudo o que a vida oferece, mesmo parecendo um farrapito digno da tal "mulher do saco".
Desperdício, é pecado, até crime, se calhar. Então desperdício de amizade...é mesmo estupidez!

\/ndre\/ disse...

Ramon, obrigado pela ilustre visita e volte sempre.


Portuga, a sua amizade é...é...é...

Bom, acho que está implícito. Por aí. Às vezes o verbo escrito cala...

Anônimo disse...

Andrea,

Acho que todos nós somos formados por farrapos(já que esta é a Semana Farroupilha),retalhos,influências de pessoas que conhecemos,coisas que vivemos,lemos...acho muito bonita esta sua metáfora entre a vida e uma colcha de retalhos..