30 julho 2007

O banheiro do D. Antônia


O banheiro do Café Dona Antônia tem um quê de nostalgia e descontração, tudo arranjado com muito bom-humor.
Um balde de zinco ordinário, com duas esponjas naturais. Um banquinho tosco de madeira, com a pintura de umas galinhas dángola coloridas. Sobre ele, vasinhos de violetas.
Acima, atrás do vaso sanitário, bem como à sua frente, duas esteiras de juncos para afixar recadinhos, escritos em guardanapos pelos frequentadores do café. É claro que já deixei um recadinho ali. Não perderia essa oportunidade, jamais!
O balcão da pia, feita de louça esmaltada - como os pinicos antigos - é feito (acho)de restos de uma porta pintada por várias vezes, e desgastada, mostrando todas as cores.
O piso, cimento queimado e manchado. Nas paredes, uma singela pintura em estêncil sobre as ranhuras de um reboco grosseiro amarelado.
Quadrinhos toscos, com simples azulejos pintados em preto-e-branco.
Um espelho redondo, com moldura de ferro fundido, decorado com flores em baixo relevo.
E aquela "casinha", a latrina de antigamente, que ficava sobre a caixa de descarga do vaso sanitário, já não está mais lá. Por sorte eu a fotografei antes do seu misterioso sumiço.
Quem a roubou dali, tenha piedade, e a coloque de volta! Fazia parte de um contexto que já não se vê mais nas casas atuais, tão cheias de modernidades, mas tão vazias de poesia.

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