06 novembro 2008

o barco e o brinquedo

Meu sonho foi costumeiramente estranho.

Uma festa, velhos companheiros, pessoas desconhecidas muito conhecidas, crianças, bebês, um brinquedo sensacional e um barco muito especial.

Não posso precisar minha narrativa pois soaria conversa de louco. Há muitas cenas, detalhes, falas e sentimentos. O brinquedo foi trazido por alguém numa roda de pessoas sentadas ao chão. Eu estava ali sentada e me encantava com ele. Como uma bola jogávamos com a mão, dando um "tapa" no brinquedo, que assumia, a cada tapa, uma forma diferente. E não era uma forma qualquer, era algo muito complexo, como um filme animado em stop-motion. Ríamos a cada transformação, mas era um riso de espanto, de surpresa, de admiração. "Como pode ser?" - eu me perguntava a todo tempo. Nisso, o dono do brinquedo chegava à porta e dizia um "vocês não viram nada ainda" e nós todos deixamos o "nosso" brinquedo para olhar para aquele que ele tinha nas mãos. E o brinquedo dele, maior, era como uma bolha transparente mutante. Suspensa no ar, a cada toque de seu dono, transformava-se em uma espécie de mini-cenário.

Em seguida - ou não - eu estava numa espécie de barzinho, desses que se tem na sala de casa, para preparar bebidas aos amigos. Mas tudo estava estragado, como se fazia muito tempo que não houvesse ninguém ali. Lembro que não havia luz, e alguém disse que era para ser assim mesmo, mas na cena seguinte haviam lâmpadas toscas pendendo do teto rebaixado, como se fossem improvisadas. E eu procurava uma tomada para ligar um aparelho que não lembro, como se eu soubesse o lugar das mesmas, mas elas haviam mudado de lugar. E a sala cheia de pessoas conversando animadamente, das quais só duas eu conheço. Os outros me eram totalmente estranhos, mas parecia que eu os conhecia há muito. E a minha agonia disfarçada não disfarçava nada...

Engraçado. Parece que sei que estou sonhando. Fico me dizendo "não pode ser isso, nem sei quem é esse!", "o que poderia ser isso?", "de onde veio isso?"...e nada do sonho me reporta a algo que tenha me acontecido, nem a um desejo que me deseja insistentemente ou algo que me tenha assombrado durante estes dias sem graça.

O barco era lindo, como se fosse inflável como um balão. E lá estava eu, noutra cena, tentando esticar umas amarras elásticas, para prende-lo ao chão. E contei com a juda de um homem que nunca vi na vida real - muito menos na irreal - , que era o dono do barco. "sensacional", eu lhe disse, "seria ótimo ter um barco assim no meio da minha sala" ou algo como "gostaria de morar num barco assim", e eu pensava em industrializar a idéia para vendê-la. Lembrei de meu pai. Ele adoraria essa idéia, parecia coisa dele. Procurei por marcas ou indícios de que ele havia colocado suas mãos ali, mas nada.

O que mais me espanta, ainda mais, além de brinquedos, bares e barcos infláveis, é que nestes sonhos há muita gente.

Isso pode ser revelador.

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