06 novembro 2008

rugas

Sempre discordei das rugas de minha testa, entre as sobrancelhas. Nada contra ter rugas, todo mundo tem ou terá as suas, é normal. Só que eu preferia ter somente aquelas nos cantos dos olhos, bem mais animadoras.

Esta não sou eu, digo a mim mesma, analisando meu rosto no espelho. Este ar sério é só cenografia facial, nada mais que isso. É puro truque. E convence, mesmo sem eu mesma me convencer. Os sulcos entre os olhos me fazem ficar com ar de mulher má. Se eu fosse atriz, só seria escolhida para papéis de bruxas e congêneres.

- Você me batia na bunda e depois vinha pedir desculpas, mãe, hehe - me diz o Meco, rindo.

E ainda pedia desculpas sangrando por dentro. Mães precisam educar seus filhos...mas a que custo é isso para mim!

Sou mole. Sou fraca. Nunca fui de briga. Detesto barracos, xingamentos, provocações, histerias, passeatas. Mas minha face teima em dizer o contrário.

Já pensei em botox, cirurgia plástica, esticar a testa, usar uma máscara, e talvez um dia tente alguma destas coisas para dar um jeito de fazer casar o meu interior como meu exterior. Meu interior é fofo, como aquele recheio de almofadas e bonecos de pelúcia ou derretido ao primeiro contato como um rosado algodão-doce. Já a minha casca é séria e seca. Muito séria e muito seca.

Dentro de mim há uma vontade imensa de sorrisos. Mas posso fulminar alguém com um simples olhar. Como pode?

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