10 agosto 2010

Tapas de Clarice




Leio um conto da Lispector antes de dormir e me deparo com algo que me atinge em cheio, como uma palmada no rosto:

"E como o progresso naquela família era frágil produto de muitos cuidados e de algumas mentiras..."

Progresso. Frágil produto. Muitos cuidados. Algumas mentiras.

Em seguida, leio o complemento da frase:

"...tudo se desfez e teve que se refazer quase do princípio."

Tudo. Refazer. Quase.

Comigo é assim. Levo tapas e tapas de Clarice a todo instante, a cada página.

Acho que Clarice me lê, e não eu a ela.


Um comentário:

T Karpa disse...

Uau

você escreve muito bem, não sabia!

Adorei esta postagem

acho que vc está me lendo, como a Clarice lê vc

Parabéns pelo blog!