23 setembro 2010

Outro setembro



Minhas esperanças em setembro se repetem ano após ano. Sempre são as mesmas. Esperanças gêmeas, porém atemporais. Como explicar isso?

Eu e minhas perguntas. Meus botões fecharam a boca há tempos, não se arriscam a palpitar. E o calendário me diz que setembro já está para lá da metade e há pouco de setembro ainda para conquistar. Mas os dias que aí vem são muito preciosos, é preciso muita dedicação e paciência. Ora, me vejo querendo atrasar o relógio...querendo parar o tempo...stop, setembro! Quero a câmera lenta, quadro a quadro. Minutos - até segundos - em setembro valem ouro!

Ontem vesti uma camisa verde que nem me lembrava, presente de uma amiga de além-mar. Ela estava esquecida, dormia na gaveta, esperando a chance em meio aos cinzas. Olhei-me no espelho e gostei do que vi. Sorri para minha imagem esverdeada, um tanto quanto amarrotada , respirei fundo, e aquilo me encheu de vida.

Imaginei-me galhos, flores, perfume, altura, movimento, fotossíntese. Imaginei-me ar puro, renovação. Imaginei em meus dedos ninhos ao invés de anéis.

Imaginei setembros pairando sobre minha cabeça, enfeitando meu cabelo leve e a insustentável leveza da minha imaginação.

Setembros foram feitos para sair da casca. Setembros são a porta de saída. Setembros são gritos de liberdade. Setembros são feitos de flores e perdão. Setembros são fáceis. Setembros são simples. Setembros são elos entre o que foi e o que será, sem necessáriamente que o primeiro seja decorrente do último.

Ontem, em setembro, vesti aquela camisa verde. Prendi uma flor colorida logo acima do coração. Pronto. Agora sou, além de árvore, um jardim.

(em construção...)

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