Faço aqui uma breve lista
de coisas a fazer hoje:
despedir-me do travesseiro
espreguiçar, levantar, jogar água no rosto
pentear os cabelos e juntá-los à nuca num nó.
Despir-me do sono, feito de camisola.
Aguar as sobras da noite
e encaminhá-las à fonte
onde tudo nasce novamente.
(nada de desperdícios, quero tudo de volta!)
Vestir sapatos acolchoados,
daqueles que têm alvas asas,
um traje esvoaçante e azul,
e sobretudo, um nada,
que nada mais é do que a ausência de si.
E sem mim começo meu dia.
Sem mim, sem vestígios de ontem,
e de olhos bem fechados
olhar as paredes e procurar as brechas
que deixam passar as cores
e que me levam além da luz
daquilo que nem sei que pretendia ser.
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