15 julho 2007

meu novo bairro

Mudei-me para um novo bairro
logo ali, depois daquela esquina
e vejo hoje o que não via antes.
Vejo pessoas comuns, babás e suas crianças,
estudantes de ar compenetrado descendo a ladeira,
mulheres disformes e sofridas carregando sacolas,
homens feios e rudes, sujos de seu trabalho feito com as mãos.
Há também os meninos e sua bola que
no meio do asfalto, ignorando os carros que rápidamente passam,
brincam de ser aquilo que são, sem nenhum constrangimento
e tampouco preocupações com o dia e suas horas.
Há cheiros diversos no ar, de comidas,
de sarjetas, de fermentos e do vento temperado pelas folhas
das mangueiras, abacateiros e do fumegar de brasas de carvão
dos fogões improvisados em latas de tinta.
Há casas pequenas, não-acabadas, com portas abertas
mostrando o escuro da falta de janelas,
assim como há janelas e seus olhos sonhadores
a observar a vida que não queriam para si.

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