29 maio 2008

outra "série"

Essa poderia se chamar "frases doidas com ou sem sentido que eu gostaria de ter escrito".

Tenho mania de anotar frases de livros e às vezes até adotá-las, relendo-as, interpretando-as, escrevendo-as de maneiras diferentes. Por estes dias, Anabela achou um pedaço de papel azul onde eu havia escrito algumas - que eu julgava - máximas tiradas de um livro do Stephen King, "O Pistoleiro". Sim, eu leio o King e gosto muito. Os filmes...bom, os filmes são outro problema.

- Leia essas letras, mamãe.

Peguei o papel azul e reconheci imediatamente o que ela me entregara. Nem sabia mais da existência daquilo. Ela devia ter achado no meio dos livrs da estante, pois agora quer decifrar todos os livros "cheios de letras". É engraçado vê-la fingir que lê tudo aquilo, inventando o próprio texto.

Li as frases e ri.

- O que está escrito aí, mamãe?

Era hora do almoço, e ela sentava-se ao meu lado. À minha frente estava Bernardo, um pouco curioso com aquela nossa conversa, já mastigando seu arroz com feijão e bife. Enchi-me de um ar estranho e solene, levantei as sobrancelhas e arregalei os olhos. Então, como se estivesse num palco iluminado, pus-me a ler teatralmente as frases:

"O cordão que prendia a última jóia no pescoço do mundo estava se soltando. As coisas não se mantinham mais juntas."

"A pena para super-ansiedade é a mesma que a pena para a falta de mérito. Não pode esperar?"

"Só iguais falam a verdade...amigos e amantes mentem sem parar, presos na teia do respeito."

Mas a frase que mais gostei de ler assim, desse jeito, fazendo caras e bocas, foi esta. E, por sinal, foi a que Anabela e Bernardo mais gostaram:

"Era mais importante que palavras saídas de uma boca sem dentes por cima de um pé de alface."

Rimos muito. E tive de repetir tudo uma porção de vezes. Meu feijão com arroz e bife acebolado que esperasse. Aquele foi um daqueles momentos para se lembrar e relembrar pelo resto da vida.

Guardei o papel azul novamente. Mas Anabela sempre dá um jeito de encontrá-lo. E assim que o acha logo o traz para mim, já com um largo sorriso e olhos brilhantes, quase que faiscando.

- Lê estas letras como naquele dia, mamãe?

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