Bina é vesga. Bina é confusa. Bina é muito carente. Bina adora pão. Bina adora morder uma bola de tenis.
Ops. Bina é uma cadela. Uma cruza de não-sei-o-que com Rusky Siberiano, me garantem. Ela é marrom chocolate com manchas brancas. Ou seria branca com grandes manchas marrom chocolate?
Na véspera do ano novo, Bina foi para a praia, com a família de minha irmã. E eu fui para lá também, com meus tres filhos. Até aí tudo bem. Preparamos o lombo, o arroz à grega, a farofa e as frutas para a ceia. Vestimos branco. Sopramos balões e enfeitamos a casa. Colocamos os champanhes no freezer. Até aí, Bina estava numa boa, correndo pelo gramado
Só que à noite Bina pirou com os tradicionais fogos. Respirava com dificuldade e a língua pendente da boca, assim, de lado, parecia ter dobrado de tamanho. Não sabíamos o que fazer. Minha irmã, nervosa com o estado da cadela, que esperneava e procurava fugir a qualquer custo, olhou-me preocupada e disse:
- Vou dar Rivotril prá ela. Eu tomo, voce toma. Mal não vai fazer.
Eu assenti. Fui na cozinha e trouxe o vidrinho.
- Quantas gotas será que eu dou?
- Dá umas 3. Eu tomo 3 e eu sou mais pesada do que ela.
- É, vou dar tres. E ela é uma cadela, o efeito nela deve ser diferente do que o efeito em voce.
Ignorei a comparação por falta de ciência sobre o assunto animal. Meu sobrinho abriu a boca e tascamos o Rivotril na guela da ofegante cadela. Ela não se engasgou. Eu achei que ela ficou um pouco mais vesga.
- Dá um pouco de champahe prá ela.
Ambas olhamos para meu sobrinho, com aquele ar repressor.
- Tá, tá! Coitada da cadela, olha o estado dela!
Prendemos Bina dentro do quarto. Ela pulou sobre a cama, fez xixi, fez cocô. Deixou o quarto inabitável. Mas depois se acalmou e dormiu, não se sabe se do efeito do remédio ou de cansaço.
Lá fora, os fogos coloriam o céu.
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